[POEMA] O próprio breu

É preciso noite pra que num acordar assustado Tudo ao redor me pareça tão impressionante. Aquele lençol cobrindo aquelas pernas de frente àquela TV Aquele eu deitado na cama Aquele corpo que se chama eu e se chama Eva Aquele saco de lembranças  O que são as lembranças naquela escuridão semiconsciente?  São nada. Tanto acaso…

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Uma viagem de Uber

O senhorzinho me cumprimentou com simpatia quando entrei em seu carro. “Ginásio do Taquaral?” – ele perguntou, querendo confirmar o meu destino; eu disse que sim. Antes de dar a partida, algo o inquietava. “Ele tá mandando eu ir pela Guilherme Campos, é isso mesmo?”. Eu respondi com o meu habitual “pode seguir o GPS”.…

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Há paixão sem dor?

Eis que amo. Depois de dois casamentos fracassados e cinco anos de namoros tapa- buracos, amo. Mesmo depois de tanto tempo a sensação é tão doce. Eu, homem, sinto um delicado prazer em te pegar pela mão e te chamar de meu amor, mesmo sendo tão breve, tão leve. Não penso em eternidade, nem me…

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Discussão no hospital

Senha de número 255 era a imagem que aparecia no painel que todos acabavam olhando mais cedo ou mais tarde esperando sua hora de ser chamado. A atenção dada ao painel só era dividida com a Ana Maria Braga que aparecia na TV ao lado. As pessoas acompanhadas conversavam baixinho com seus parceiros, enquanto as…

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Paixão de uma semana

Dentro de uma semana em que conversei com você, eu já nos imaginava juntos. Imaginava os dias em que você me contaria da sua vida, passaria a mão por meus cabelos e me olharia com um olhar carinhoso, enquanto eu te responderia com um beijo. Não posso negar que meus pensamentos não foram mais além…

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Uma tatuagem de guitarra

Julinho tinha dezoito anos, gostava de guitarra, dizia que gostava de viajar – apesar de não ter viajado muito em sua vida – gostava de desenhos japoneses, e os desenhava, muito bem por sinal. Julinho também gostava de namorar, nunca teve muitas namoradas, mas gostava. Sua dificuldade maior era só começar a conversa, mantê-la, e…

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Uma pessoa neutra

Alguma vez na vida, a gente já se sentiu como que apagada no meio da multidão, como se as pessoas julgassem que nada acontece na nossa vida. Ou o contrário, quando nós é que julgamos precipitadamente que alguém não tem muita lição de vida para nos oferecer. Foi pensando nisso que escrevi essa crônica.

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