Em 1966, Truman Capote publicava seu livro “A sangue frio” que conta os detalhes do assassinato da família Clutter e seria um marco para a literatura contemporânea. O livro narra situações que precederam o crime, revela quem eram os Clutters e os assassinos e segue os eventos desde a noite do assassinato até a conclusão do caso com a morte por enforcamento dos dois criminosos.
“A sangue frio” é pioneiro no que chamamos de jornalismo literário; gênero que olha para os fatos e tenta enxergar além deles, trazendo ao leitor questões sobre a motivação do crime, o contexto econômico e social que torna situações como aquela possíveis e sobre qual o nosso aprendizado, como sociedade, com o pano de fundo exposto.
É interessante o cuidado com que Capote realça a diferença entre a realidade da família Clutter com a de Perry Smith e Richard Hickock, autores do assassinato. Enquanto para uma cidadezinha no interior do Kansas, um acontecimento como aquele causa marcas profundas e um medo sem precedentes, para outras pessoas residentes em outros cantos do país, a violência faz parte de suas vidas desde a infância e é tão normal quanto uma ida ao mercado.
Além de todas as informações que o livro nos fornece, ler a história com esse grande cenário investigado pelo autor é enriquecedor. Essa é a grande arte presente em “A sangue frio” e de muitos livros-reportagem que vieram após ele. Muito se questiona se Truman Capote de fato inaugurou o jornalismo literário, mas o certo é que essa habilidade de ver além dos fatos é algo singular.
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